quarta-feira, 28 de novembro de 2012

TERRITORIOS DISPUTADOS


Vamos mudar a designação. Não chamaremos mais de "territórios ocupados" mas sim de "territórios disputados". 
Se com a Caxemira é assim, porque com a Cisjordânia (West Bank) seria diferente ?



VIDEO AULA



Video didático, produzido pela Globo.




domingo, 25 de novembro de 2012

Você se interessa mesmo pelo conflito Israel-Palestina?


Você se interessa mesmo pelo conflito entre israelenses e palestinos? Se a resposta for sim, faça o que eu e muitas outras pessoas fizeram. Compre uma passagem e vá visitar Israel e a Palestina. Chegue sem preconceitos. Caso seja interrogado no aeroporto Ben Gurion, saiba que é uma medida de segurança aplicada até mesmo a judeus ortodoxos. Ninguém acha que você carrega uma bomba. Apenas pretendem ter mais informações. Eu já fui questionado diversas vezes, com vistos da Síria, Líbano e sobrenome árabe. No fim, me liberaram.

Em Tel Aviv, vá a um dos cafés do Boulevard Rothschild. Veja as árvores, a arquitetura e, se possível, converse com as pessoas. Escute suas histórias. Não dê a sua opinião. Apenas ouça e faça perguntas. Veja o ponto de vista delas. Faça o mesmo em Haifa e também em Jerusalém na Ben Yehuda. Tente ir a um assentamento. Conheça a história dos colonos. Visite um kibutz.

Também vá a Jaffa e Nazaré para bater papo com árabes israelenses. Em Jerusalém coma falafel no lado oriental (árabe). Procure cristãos palestinos e também muçulmanos. Vá a balada em Ramallah. Visite o suq de Nablus. Ande por Hebron e observe cada detalhe. Tente conversar com os comerciantes palestinos e com os colonos judeus. Talvez não seja possível ir a Gaza. Mas, se der, vá e fale com as pessoas e caminhe na praia.

Depois desta experiência, com a cabeça aberta, veja qual a sua opinião do conflito. Posso apostar o seguintes.

1. Você será a favor da criação de um Estado palestino em fronteiras próximas às de 1967

2.Você levará em conta os assentamentos próximos da linha verde e concluirá ser óbvio que eles devam ficar com Israel. Ao mesmo tempo, defenderá o fim dos postos de controle dentro da Cisjordânia, como os localizados entre Nablus e Ramallah

3. Você achará errado desmantelar os assentamentos dentro da Cisjordânia e defenderá a permanência deles, mas sob soberania palestina e respeitando todos os habitantes judeus, concedendo cidadania

4. Você verá que os árabes-israelenses querem continuar sendo israelenses, mas com uma participação maior na sociedade de Israel

5. Você achará um absurdo qualquer pessoa defender a explosão de um ônibus em Tel Aviv

6. Você será contra o lançamento de foguetes do Hamas

7. Você não apoiará bombardeios de Gaza e torcerá por um cessar-fogo

8. Você achará que Jerusalém é indivisível, mas pode ser capital de dois Estados, ainda que, no caso palestino, seja apenas da Presidência, com a administração ficando em Ramallah

9. Você admirará a tecnologia e os avanços israelenses, como a Universidade Technion e a Indústria Farmacêutica. Também verá como a economia palestina na Cisjordânia melhorou e existem belas plantações em terras férteis, além da Universidade Bir Zeit

10. Você verá que israelenses e palestinos se esforçam, mas a culinária libanesa e síria é bem melhor do que a deles

11. Você retornará para visitar Israel e Palestina em vez de passar as próximas ferias na Europa


O jornalista Gustavo Chacra, correspondente do jornal “O Estado de S. Paulo” e do portal estadão.com.br em Nova York e nas Nações Unidas desde 2009 e comentarista do programa Globo News Em Pauta, é mestre em Relações Internacionais pela Universidade Columbia. Já fez reportagens do Líbano, Israel, Síria, Cisjordânia, Faixa de Gaza, Jordânia, Egito, Turquia, Omã, Emirados Árabes, Iêmen e Chipre quando era correspondente do jornal no Oriente Médio. Participou da cobertura da Guerra de Gaza, Crise em Honduras, Crise Econômica nos EUA e na Argentina, Guerra no Líbano, Terremoto no Haiti, Furacão Sandy, Eleições Americanas e crescimento da Al-Qaeda no Iêmen.  No passado, trabalhou como correspondente da Folha em Buenos Aires. Este blog foi vencedor do Prêmio Estado de Jornalismo, empatado com o blogueiro Ariel Palacios


sábado, 24 de novembro de 2012

Você acha que é só Israel versus Palestina? Leia este texto


O Hamas é aliado do Egito, da Turquia e do Qatar, mas usa armas iranianas. Na Síria, a oposição usa armas turcas, sauditas e qatarianas para lutar contra o regime de Bashar al Assad, apoiado pelos iranianos. Até um ano atrás, o Hamas tinha como maior suporte no mundo árabe o governo sírio. Hoje são inimigos.

A oposição síria tem dezenas de facções. Algumas no exílio, reconhecidas pela União Europeia. Outras na Síria, que não reconhecem a oposição reconhecida pela União Europeia. São radicais islâmicos. Mas o Exército Livre da Síria, que apesar do nome pomposo é um apanhado de milícias, não reconhece os milicianos radicais islâmicos. Os dois são inimigos e lutariam entre si mesmo se Bashar al Assad caísse.

O Hezbollah, na Síria, é aliado de Assad, um alauíta secular. O grupo xiita, porém, sempre serviu de inspiração para os sunitas do Hamas, na Palestina. Os sunitas do Líbano, por sua vez, se dividem entre os aliados de Damasco, como o premiê Nagib Mikati, e os inimigos de Damasco, liderados pelo ex-premiê Saad Hariri.

Em Damasco, os cristãos apoiam o regime de Assad. Mas um dos líderes da oposição síria no exílio é um cristão marxista. Os cristãos libaneses se dividem entre os que apoiam o Hezbollah, comandados por Michel Aoun, e os que são contra o grupo xiita, comandados por Samir Gaegea. Os  cristãos egípcios, diferentemente dos do Líbano e da Síria, não são elite e sofrem perseguição dos radicais salafistas, que por sinal também integram a oposição síria.

Também havia muitos cristãos no Iraque, os caldeus. Com a guerra, fugiram para a Síria. Com outra guerra, não sabem para onde ir. Os cristãos palestinos são contra o ocupação israelense, mas também discordam do Hamas pela forma como trata as mulheres e pelo radicalismo islâmico. Falando em Iraque, o atual governo, apoiado pelos EUA, é alido do Irã e da Síria, inimigos dos americanos.

Existem ainda os árabes drusos. No Líbano, eles seguem Walid Jumblat, que muda de lado de acordo com a tendência política na região. Na Síria, apoiam Assad. Na Palestina, são contra Israel. Em Israel, são soldados israelenses.

Os curdos têm total autonomia no Iraque e fazem negócios com os turcos. A Turquia e o Irã, porém, perseguem os curdos em seus territórios. A Síria, até pouco tempo atrás, também. Agora, decidiu dar a eles um oásis para lutar contra a Turquia, cujo premiê, maior inimigo de Bashar al Assad, era o maior aliado de Bashar al Assad (não errei, é isso mesmo) até 2010.

O Qatar prega a democracia e a liberdade no mundo árabe ao mesmo tempo que tem uma ditadura e trata as mulheres como cidadãs de segunda classe. O país dono da rede de TV Al Jazeera patrocina milícias extremistas na Síria e apoia abertamente o Hamas. Como a Turquia, que anos atrás era um dos principais parceiros militares de Israel.

Não vou entrar em Tunísia e Líbia para não complicar. Mas tentei em alguns parágrafos mostrar que o Oriente Médio não pode ser resumido a Israel versus Palestina.


O jornalista Gustavo Chacra, correspondente do jornal “O Estado de S. Paulo” e do portal estadão.com.br em Nova York e nas Nações Unidas desde 2009 e comentarista do programa Globo News Em Pauta, é mestre em Relações Internacionais pela Universidade Columbia. Já fez reportagens do Líbano, Israel, Síria, Cisjordânia, Faixa de Gaza, Jordânia, Egito, Turquia, Omã, Emirados Árabes, Iêmen e Chipre quando era correspondente do jornal no Oriente Médio. Participou da cobertura da Guerra de Gaza, Crise em Honduras, Crise Econômica nos EUA e na Argentina, Guerra no Líbano, Terremoto no Haiti, Furacão Sandy, Eleições Americanas e crescimento da Al-Qaeda no Iêmen.  No passado, trabalhou como correspondente da Folha em Buenos Aires. Este blog foi vencedor do Prêmio Estado de Jornalismo, empatado com o blogueiro Ariel Palacios


http://blogs.estadao.com.br/gustavo-chacra/voce-acha-que-e-so-israel-versus-palestina-leia-este-texto/


Por que a esquerda é contra Israel?


Quando se trata de conflitos armados envolvendo Israel e seus inimigos, a esquerda toma claramente o partido dos inimigos de Israel, que já declararam em várias ocasiões não aceitarem a existência do Estado de Israel como nação e que quererem sua completa destruição.


Por que a maioria da imprensa, dominada hegemonicamente pela esquerda e a própria esquerda, referem-se a Israel tendenciosamente, passando a ideia de que Israel é invariavelmente o causador dos conflitos, o agressor, o violador da paz, o assassino de civis, mulheres e inocentes, enquanto que os inimigos de Israel são retratados como vítimas indefesas, fracas, injustiçadas, pobres e oprimidas? Por que eles defendem e justificam que haja uma guerra assimétrica, onde os inimigos de Israel podem tudo e Israel não pode nada? Por que são abertamente pró-árabes e anti Israel?
  
A reposta é simples: a esquerda tem um discurso bonito que afirma defender os direitos das mulheres, defender a democracia e seus valores, defender a liberdade de expressão, defender os direitos dos homossexuais, defender o direito de religião, etc. Porém, o que praticam é bem diferente do discurso. A esquerda é mentirosa, cínica e hipócrita.

A esquerda apoia e exalta os regimes, lideranças e ideais mais violentos, atrasados, terroristas, assassinos, criminosos, e anti-ocidentais que existem no mundo, verdadeiras aberrações demoníacas, tais como Hamas, FARC, Sendero Luminoso, Hezbollah, Yasser Arafat, Fidel Castro, Talibãs, Iraque, Líbia, Irã, Cuba, Coréia do Norte, China, Hugo Chaves, Che Guevara, Stalin, Lênin e uma infinidade de outros. A esquerda exalta e defende os crimes e barbáries cometidos por este seleto time formado pela escória da humanidade. A esquerda adota os valores morais desta mesma escória. A esquerda é a escória.

Ela odeia Israel justamente por representar valores morais do ocidente, valores que a esquerda despreza e rejeita sob sua máscara de falsidade diabólica. Odeia Israel porque ele é uma democracia capitalista, com mercado livre, que respeita os direitos das mulheres e dos homossexuais, tem uma imprensa livre, com um sistema judiciário independente, com eleições, com instituições democráticas consolidadas, alternância de poder, liberdade religiosa e seus habitantes tem os mesmos direitos e os avanços sociais e tecnológicos presentes nas nações ocidentais mais avançadas e ricas do planeta.

Por outro lado, seus vizinhos e inimigos são ditaduras, teocracias ou monarquias corruptas, onde as eleições são manipuladas, quando existem, lugares onde há a execução e prisão de homossexuais, onde a imprensa é uma mera porta-voz do ditador que está no comando, onde não há liberdade religiosa, apenas o fundamentalismo islâmico, onde há opressão às mulheres e seu povo é tratado como gado e condenado a viver na idade das trevas, no atraso e na pobreza, apesar de terem reservas de petróleo bilionárias sob seus pés.

Apesar não admitir abertamente, a esquerda mundial tem por objetivo a destruição dos pilares da sociedade ocidental, para implantar em seu lugar a sua utopia socialista, que já matou e ainda mata centenas de milhares de pessoas em países sob seu jugo. Esta é a verdade que a esquerda tenta esconder com seu “duplipensar” e “novilíngua” orwellianos.

É por isso que você vai ouvir à exaustão o termo “islamofobia”, que é uma das dezenas de bandeiras malditas empunhadas e defendidas pela esquerda no mundo todo. “Islamofobia” é a maneira pela qual eles tentar te convencer que o Islamismo árabe é uma religião de amor e não de guerra. “Islamofóbico” vai ser o nome dado àqueles que opuserem à imposição de valores islâmicos, conflitantes com os valores democráticos ocidentais.


Do blog Esquerdopatia
Postado por Ivan Kelner

terça-feira, 20 de novembro de 2012

Um Vestido Novo Para Um Ódio Antigo


Por Pilar Rahola


Segunda-feira à noite, em Barcelona. No restaurante, uma centena de advogados e juizes. Eles se encontraram para ouvir minhas opiniões sobre o conflito do Oriente Médio. Eles sabem que eu sou um barco heterodoxo, no naufrágio do pensamento único, que reina em meu país, sobre Israel. Eles querem me escutar. Alguém razoável como eu, dizem, por que se arrisca a perder a credibilidade, defendendo os maus, os culpados? Eu lhes falo que a verdade é um espelho quebrado, e que todos nós temos algum fragmento. E eu provoco sua reação: "todos vocês se sentem especialistas em política internacional, quando se fala de Israel, mas na realidade não sabem nada. Será que se atreveriam a falar do conflito de Ruanda, da Caxemira, da Chechenia?".

Não. São juristas, sua área de atuação não é a geopolítica. Mas com Israel se atrevem a dar opiniões. Todo mundo se atreve. Por quê? Porque Israel está sob a lupa midiática permanente e sua imagem distorcida contamina os cérebros do mundo. E, porque faz parte da coisa politicamente correta, porque parece solidariedade humana, porque é grátis falar contra Israel. E, deste modo, pessoas cultas, quando lêem sobre Israel estão dispostas a acreditar que os judeus têm seis braços, como na Idade Média, elas acreditavam em todo tipo de barbaridades. Sobre os judeus do passado e os israelenses de hoje, vale tudo.

A primeira pergunta é, portanto, por que tanta gente inteligente, quando fala sobre Israel, se torna idiota. O problema que temos, nós que não demonizamos Israel, é que não existe debate sobre o conflito, existe rótulo; não se troca ideias, adere-se a slogans; não desfrutamos de informações sérias, nós sofremos de jornalismo tipo hambúrguer, fast food, cheio de preconceitos, propaganda e simplismo.

O pensamento intelectual e o jornalismo internacional renunciaram a Israel. Não existem. É por isso que, quando se tenta ir mais além do pensamento único, passa-se a ser o suspeito, o não solidário e o reacionário, e o imediatamente segregado. Por quê? Eu tento responder a esta pergunta há anos: por quê? Por que de todos os conflitos do mundo, só este interessa? Por que se criminaliza um pequeno país, que luta por sua sobrevivência? Por que triunfa a mentira e a manipulação informativa, com tanta facilidade? Por que tudo é reduzido a uma simples massa de imperialistas assassinos? Por que as razões de Israel nunca existem? Por que as culpas palestinas nunca existem? Por que Arafat é um herói e Sharon um monstro? Em definitivo, por que, sendo o único país do mundo ameaçado com a destruição é o único que ninguém considera como vítima?
Eu não acredito que exista uma única resposta a estas perguntas. Da mesma forma que é impossível explicar a maldade histórica do antissemitismo completamente, também não é possível explicar a imbecilidade atual do preconceito anti-Israel. Ambos bebem das fontes da intolerância, da mentira e do preconceito. Se, além disso, nós aceitarmos que ser anti-Israel é a nova forma de ser antissemita, concluímos que mudaram as circunstâncias, mas se mantiveram intactos os mitos mais profundos, tanto do antissemitismo cristão medieval, como do antissemitismo político moderno. E esses mitos desembocam no que se fala sobre Israel. Por exemplo, o judeu medieval que matava as crianças cristãs para beber seu sangue, se conecta diretamente com o judeu israelense que mata as crianças palestinas para ficar com suas terras. Sempre são crianças inocentes e judeus de intenções obscuras.

Por exemplo, a ideia de que os banqueiros judeus queriam dominar o mundo através dos bancos europeus, de acordo com o mito dos Protocolos (dos Sábios de Sião), conecta-se diretamente com a ideia de que os judeus de Wall Street dominam o mundo através da Casa Branca. O domínio da imprensa, o domínio das finanças, a conspiração universal, tudo aquilo que se configurou no ódio histórico aos judeus, desemboca hoje no ódio aos israelenses. No subconsciente, portanto, fala o DNA antissemita ocidental, que cria um eficaz caldo de cultura. Mas, o que fala o consciente? Por que hoje surge com tanta virulência uma intolerância renovada, agora centrada, não no povo judeu, mas no estado judeu? Do meu ponto de vista, há motivos históricos e geopolíticos, entre eles o sangrento papel soviético durante décadas, os interesses árabes, o antiamericanismo europeu, a dependência energética do Ocidente e o crescente fenômeno islâmico.

Mas também surge de um conjunto de derrotas que nós sofremos como sociedades livres e que desemboca em um forte relativismo ético. Derrota moral da esquerda. Durante décadas, a esquerda ergueu a bandeira da liberdade, onde houvesse injustiça, e foi a depositária das esperanças utópicas da sociedade. Foi a grande construtora do futuro. Apesar da maldade assassina do stalinismo ter afundado essas utopias e ter deixado a esquerda como o rei que estava nu, despojado de trajes, ela conservou intacta sua auréola de lutadora, e ainda dita as regras do que é bom e ruim no mundo. Até mesmo aqueles que nunca votariam em posições de esquerda, concedem um grande prestígio aos intelectuais de esquerda, e permitem que sejam eles os que monopolizam o conceito de solidariedade. Como fizeram sempre. Deste modo, os que lutavam contra Pinochet, eram os lutadores pela liberdade, mas as vítimas de Castro são expulsas do paraíso dos heróis e transformadas em agentes da CIA, ou em fascistas disfarçados.

Da mesma forma que é impossível explicar a maldade histórica do antissemitismo completamente, também não é possível explicar a imbecilidade atual do preconceito anti-Israel. Ambos bebem das fontes da intolerância, da mentira e do preconceito.
Eu me lembro, perfeitamente, como, quando era jovem, na Universidade combativa da Espanha de Franco, ler Solzhenitsyn era um horror! E deste modo, o homem que começou a gritar contra o buraco negro do Gulag stalinista, não pôde ser lido pelos lutadores antifranquistas, porque não existiam as ditaduras de esquerda, nem as vítimas que as combatiam.

Essa traição histórica da liberdade se reproduz no momento atual, com precisão matemática. Também hoje, como ontem, essa esquerda perdoa ideologias totalitárias, se apaixona por ditadores e, em sua ofensiva contra Israel, ignora a destruição de direitos fundamentais. Odeia os rabinos, mas se apaixona pelos imãs; grita contra o Tzahal (Exército israelense), mas aplaude os terroristas do Hamas; chora pelas vítimas palestinas, mas rejeita as vítimas judias; e, quando se comove pelas crianças palestinas, só o faz se puder acusar os israelenses. Nunca denunciará a cultura do ódio, ou sua preparação para a morte, ou a escravidão que suas mães sofrem. E enquanto iça a bandeira da Palestina, queima a bandeira de Israel.

Um ano atrás, eu fiz as seguintes perguntas no Congresso do AIPAC (Comitê de Assuntos Públicos EUA-Israel) em Washington: "Que profundas patologias alijam a esquerda de seu compromisso moral? Por que nós não vemos manifestações em Paris, ou em Barcelona, contra as ditaduras islâmicas? Por que não há manifestações contra a escravidão de milhões de mulheres muçulmanas? Por que eles não se manifestam contra o uso de crianças-bomba, nos conflitos onde o Islã está envolvido? Por que a esquerda só está obcecada em lutar contra duas das democracias mais sólidas do planeta, e as que sofreram os ataques mais sangrentos, os Estados Unidos e Israel?”

Porque a esquerda, que sonhou utopias, parou de sonhar, quebrada no muro de Berlim do seu próprio fracasso. Já não tem ideias, e sim slogans. Já não defende direitos, mas preconceitos. E o preconceito maior de todos é o que tem contra Israel. Eu acuso, portanto, de forma clara: a principal responsabilidade pelo novo ódio antissemita, disfarçada de posições anti-Israel, provém desses que deveriam defender a liberdade, a solidariedade e o progresso. Longe disto, eles defendem os déspotas, esquecem suas vítimas e permanecem calados perante as ideologias medievais que querem destruir a civilização. A traição da esquerda é uma autêntica traição à modernidade.

Derrota do jornalismo. Temos um mundo mais informado do que nunca, mas nós não temos um mundo melhor informado. Pelo contrário, os caminhos da informação mundial nos conectam com qualquer ponto do planeta, mas eles não nos conectam nem com a verdade, nem com os fatos. Os jornalistas atuais não precisam de mapas, porque têm o Google Earth, eles não precisam saber história, porque têm a Wikipedia. Os jornalistas históricos que conheciam as raízes de um conflito, ainda existem, mas são espécies em extinção, devorados por este jornalismo tipo hambúrguer, que oferece fast food de notícias, para leitores que querem fast food de informação.

Israel é o lugar mais vigiado do mundo e, ainda assim, o lugar menos compreendido do mundo. Claro que, também influencia a pressão dos grandes lobbys dos petrodólares, cuja influência no jornalismo é sutil, mas profunda. Qualquer mídia sabe que se falar contra Israel não terá problemas. Mas, o que acontecerá se criticar um país islâmico? Sem dúvida, então, sua vida ficará complicada. Não nos confundamos. Parte da imprensa, que escreve contra Israel, se veria refletida na frase afiada de Goethe: "Ninguém é mais escravo do que aquele que se acha livre, sem sê-lo". Ou também em outra, mais cínica de Mark Twain: "Conheça primeiro os fatos e logo os distorça quanto quiser".

Derrota do pensamento crítico. A tudo isto, é necessário somar o relativismo ético, que define o momento atual, e que é baseado, não na negação dos valores da civilização, mas na sua banalização. O que é a modernidade?
Pessoalmente a explico com este pequeno relato: se eu me perdesse em uma ilha deserta, e quisesse voltar a fundar uma sociedade democrática, só necessitaria de três livros: as Tábuas da Lei, que estabeleceram o primeiro código de comportamento da modernidade. "O não matarás, não roubarás", fundou a civilização moderna. O código penal romano. E a Declaração dos Direitos Humanos. E com estes três textos, começaríamos novamente. Estes princípios que nos endossam como sociedade, são relativizados, até mesmo por aqueles que dizem defendê-los. "Não matarás", depende de quem seja o objeto, pensam aqueles que, por exemplo, em Barcelona, se manifestam aos gritos a favor do Hamas.

"Vivam os direitos humanos", depende de a quem se aplica, e por isso milhões de mulheres escravas não preocupam. "Não mentirás", depende se a informação for uma arma de guerra a favor de uma causa. A massa crítica social se afinou e, ao mesmo tempo, o dogmatismo ideológico engordou. Nesta dupla mudança de direção, os fortes valores da modernidade foram substituídos por um pensamento fraco, vulnerável à manipulação e ao maniqueísmo.

Derrota da ONU. E com ela, uma firme derrota dos organismos internacionais, que deveriam cuidar dos direitos humanos, e que se tornaram bonecos destroçados nas mãos de déspotas. A ONU só serve para que islamofascistas, como Ahmadinejad, ou demagogos perigosos, como Hugo Chávez, tenham um palco planetário de onde cuspir seu ódio. E, claro, para atacar Israel sistematicamente. A ONU, também, vive melhor contra Israel.

Finalmente, derrota do Islã. O Islã das luzes sofre hoje o ataque violento de um vírus totalitário, que tenta frear seu desenvolvimento ético. Este vírus usa o nome de D'us para perpetrar os horrores mais inimagináveis: apedrejar mulheres escravizá-las, usar grávidas e jovens com atraso mental como bombas humanas, educar para o ódio, e declarar guerra à liberdade. Não esqueçamos, por exemplo, que nos matam com celulares conectados, via satélite, com a Idade Média. Se o stalinismo destruiu a esquerda, e o nazismo destruiu a Europa, o fundamentalismo islâmico está destruindo o Islã. E também tem, como as outras ideologias totalitárias, um DNA antissemita. Talvez o antissemitismo islâmico seja o fenômeno intolerante mais sério da atualidade, e não em vão afeta mais de 1,3 bilhões de pessoas educadas, maciçamente, no ódio ao judeu.

Na encruzilhada destas derrotas, se encontra Israel. Órfão de uma esquerda razoável, órfão de um jornalismo sério e de uma ONU digna, e órfão de um Islã tolerante, o Estado de Israel sofre com o paradigma violento do século XXI: a falta de compromisso sólido com os valores da liberdade. Nada é estranho. A cultura judaica encarna, como nenhuma outra, a metáfora de um conceito de civilização que hoje sofre ataques por todos os flancos. Vocês são o termômetro da saúde do mundo. Sempre que o mundo teve febre totalitária, vocês sofreram. Na Idade Média fascismo europeu, no fundamentalismo islâmico. Sempre, o primeiro inimigo do e confusão social, Israel encarna, na própria carne, o judeu de sempre.

Um pária de nação entre as nações, para um povo pária entre os povos. É por isso que o antissemitismo do século XXI foi vestido com o disfarce efetivo da crítica anti-Israel. Toda crítica contra Israel é antissemita? Não. Mas, todo o antissemitismo atual transformou-se no preconceito e na demonização contra o Estado Judeu. Um vestido novo para um ódio antigo.

Benjamim Franklin disse: "Onde mora a liberdade, lá é a minha pátria". E Albert Einstein acrescentou: "A vida é muito perigosa. Não pelas pessoas que fazem o mal, mas por aquelas que ficam sentadas vendo isso acontecer".

Este é o duplo compromisso aqui e hoje: nunca se sentar vendo o mal passar e defender sempre as pátrias da liberdade.


Pilar Rahola I. Martínez Nasceu em 21/10/1958 é jornalista e escritora catalã, com formação política e MP. Estudou Espanhol e Filosofia Catalã na Universidade de Barcelona. Possui vários livros e artigos publicados, palestrante internacional requisitada pela mídia e universidades, é colunista do La Vanguardia, na Espanha; La Nacion, na Argentina e do Diário da América, nos Estados Unidos. De 1987 a 1990 Rahola cobriu a Guerra na Etiópia, Guerra dos Balkans, Guerra do Golfo e a Queda do Muro de Berlim como diretora da publicação Pòrtic. Suas áreas de atuação incluem Direito das Mulheres, Direito Humano Internacional, e Defesa dos Animais. Nos últimos anos tem exposto seu ponto de vista sobre Israel e o Sionismo.
Entre diversos prêmios recebidos: Doutor Causa Honoris na Universidade de Artes e Ciência da Comunicação, em Santiago do Chile (2004), pela sua luta em favor dos direitos humanos; Prêmio Javer Shalom, pela comunidade judaica chilena pela sua luta contra o antisemitismo; Cicla Price (2005), pelo mesmo motivo; Membro de Honra da Universidade de Tel Aviv (2006); Golden Menora entregue pela Bnai Brith francesa (2006); Laureada com o priemio Scopus pela Universidade Hebraica de Jerusalém (2007); participou como convidada de honra em diversas ocasiões, entre elas no AIPAC de Conferência Política (2008); em 2009 recebeu prêmio da Federação das Comunidades Judias da Espanha, Senador Angel Pulido e Prêmio Mídia de Massa pelo Comitê Judaico Americano pela luta pelos Direitos Humanos; A Liga Anti Difamação lhe concedeu o prêmio Daniel Pearl “pela sua dedicação e comprometimento a um jornalismo honesto e responsável baseado em um código de ética e por falar honestamente ao público”; recebeu o prêmio Morris Abram entregue pela UN pela sua defesa aos Direitos Humanos, Genebra, 2011, entre outros.

segunda-feira, 15 de outubro de 2012

O Tigre Semita

Por: Carlos Alberto Montaner*


Primeiro se começou a falar dos quatro ''tigres asiáticos'': Taiwan, Singapura, Coréia do Sul e Hong Kong. Eram países que no curso de uma geração saltaram da miséria ao desenvolvimento. Depois vieram Nova Zelândia (o tigre anglo), Irlanda (o tigre celta), e também o Chile, ao qual passaram a chamar o ''tigre latino'', pais que parece decididamente encaminhado a fazer parte do Primeiro Mundo.

O curioso é que entre essas histórias de êxito ninguém cita a mais impressionante de todas: Israel. Recentemente completou 60 anos de sua tempestuosa fundação no inóspito areal do Oriente Médio.

Quase ninguém então apostava na sobrevivência daquele pequeno Estado surgido na tensa primavera de 1948 em meio dos primeiros combates da guerra fria. 

Os pais fundadores eram apenas um punhado de sonhadores cercado por dezenas de milhões de árabes dispostos a esmagá-los. Não tinham exército nem dinheiro, e provinham, alguns deles, do espantoso matadouro nazista, onde seis milhões de judeus acabavam de ser executados no mais sinistro genocídio registrado pela história da humanidade. Tinham, isso sim, uma desesperada convicção: construir um espaço seguro e decente onde o atormentado povo judeu pudesse sobreviver ao brutal anti-semitismo esporadicamente praticado por quase todas as outras nações monoteístas surgidas de Abrahão, o pai comum de judeus, cristãos e maometanos.

Israel tinha tudo contra si: a geografia, os vizinhos, o solo miserável e seco, a escassa e variada população, e também o idioma, porque o hebraico era uma língua ritual, praticamente morta, confinada à sinagoga e à leitura dos livros sagrados, que teve que se revitalizar enquanto a população judaica se comunicava nos idiomas vernáculos dos países de onde provinha. Uns o faziam em alemão, outros em polonês ou em iídiche; havia os que só dominavam o turco, o árabe ou o grego. A etnia, além do mais, se dividia profundamente em duas comunidades nem sempre concordantes: os asquenazis, geralmente de origem germano-polonesa, e os sefaraditas, originalmente procedentes da Espanha, de onde foram expulsos em 1492.

Não existia, pois, um povo judeu, mas diversos povos judeus forjados na diáspora, incluindo os que emigravam do Iêmen, Marrocos, Etiópia e, sobretudo, da Rússia. Tampouco possuíam alguma característica física ou dominante que os caracterizasse fisicamente. Vinculavam-se, além disso, de distintas formas à tradição religiosa e cultural do novo e desconhecido país, ostentando graus bem diferentes de desenvolvimento intelectual e acadêmico. Variedade que, sem dúvida, não era o melhor aderente para unificar a nascente nação que deu seus primeiros passos em meio a uma invasão destinada a "lançar os judeus ao mar''.

O que fizeram em sessenta anos os israelitas com esse mosaico heterogêneo e difícil? Fizeram uma complexa democracia parlamentar, reflexo da diversidade de uma vibrante sociedade que hoje conta com mais de sete milhões de habitantes, radicados num diminuto país de apenas 20.000 quilômetros quadrados, que desfrutam de todos os direitos individuais, na qual as poderosas forças armadas estão subordinadas à autoridade dos civis. Fizeram um governo razoavelmente eficaz, mais honrado que a média, apesar das turbulências que tiveram que viver. Fizeram um país com uma população altamente educada, com o menor índice de violência social do mundo, incluído aí 16% de pessoas de religião islâmica, uma minoria, também israelense, dificilmente assimilável, mesmo quando constitui o grupo árabe — homens e mulheres — que mais liberdades e prosperidade possuem de quantos povoam a terra.

Israel hoje tem renda per capita de US$ 29.000 e, de acordo com o Índice de Desenvolvimento Humano das Nações Unidas, que mede a qualidade de vida, faz parte dos trinta países “top” do mundo, entre a Alemanha e Grécia, e aonde não comparece nenhuma outra nação do Oriente Médio (nem da América Latina), embora tenha que dedicar à sua defesa nada menos que 8% de quanto o país produz, porque já verteu sangue em pelo menos três custosas guerras e amanhã poderia começar a quarta.

Como Israel conseguiu este milagre econômico? Essencialmente, cultivando seu enorme capital humano e suas virtudes cívicas, a base da inteligência, rigor, trabalho intenso e respeito à lei, o que lhe permitiu ser muito eficiente na agricultura, nas comunicações, na eletrônica, na fabricação de equipamentos médicos, na aviação e na indústria militar, e até no âmbito espacial, uma vez que já existem satélites israelenses girando em torno da terra.

Nem tudo, é claro, é perfeito no país, mas para julgar Israel sempre se deve perguntar onde existe outra sociedade livre e desenvolvida que em apenas seis décadas, surgindo do nada e contra vento e maré, conseguiu os êxitos obtidos pelo povo hebreu.

É hora de começar a falar do tigre semita. Temos que estudar muito bem o que ali se fez. É quase milagroso.


* Carlos Alberto Montaner é jornalista e escritor de origem cubana. Estima-se que sua coluna publicada numa cadeia de jornais é lida por seis milhões de pessoas. Suas opiniões fazem temer políticos na Espanha e na América Latina. Mantém-se numa posição como um dos mais respeitados jornalistas das Américas

terça-feira, 25 de setembro de 2012

Pretexto Fundamental//levante islamico

Um texto que expõe muitas coisas que tem acontecido atualmente :


Pretexto Fundamental//levante islamico

 



        Para entender o levante salafista islâmico atual contra os Estados Unidos em diversos países árabes é preciso compreender e rever alguns fatos. O primeiro deles é que NÃO é um levante atual, mas parte da Guerra ao Terror iniciada em 11 de setembro de 2001, pelo Terror.


        Por quase dois dias, foi gerado um cenário antissemita difícil de desfazer quando o diretor verdadeiro do f...ilme "Inocência do Islã", Nakoula Basseley Nakoula, 55 anos, cristão copta (ramo cristão egípcio que já foi violentamente atacado pela Irmandade Muçulmana hoje no poder), se declarou "judeu-israelense" com o pseudônimo de Sam Bacile ou Nicola Bacily ou Erwin Salameh E OUTROS, conforme informação do Tribunal Federal da Califórnia. Portanto, o cristão copta é um estelionatário conhecido das autoridades norte-americanas. O auto-proclamado porta-voz do filme é Steven Klein, apresentado como consultor. Ele pretendeu a notoriedade e fama defendendo o bacilo...



        A mídia brasileira, vivendo de notas de agências internacionais ainda não sabe exatamente quem é este Klein. Mas uma pesquisa de 2 minutos pelo Google revela tudo.



        De cara, qualquer um diria e os muçulmanos e a esquerda estão dizendo: "Olha só como tem judeus envolvidos na blasfêmia", até porque há uma CERTEZA incutida pelos governos árabes e muçulmanos, e pela propaganda de esquerda internacional, ao longo de mais de 60 anos de propaganda antissemita covarde de que os "Judeus Controlam Hollywood", logo, um filme contra o islã tem que ser "judeu". Ainda mais quando um "Klein" declara de forma SAFADA que o filme foi financiado por 500 judeus!!! Isso circulou o mundo rapidamente e NENHUMA mídia irá desmentir. Está amplamente divulgado nas mídias brasileiras. Pelo contrário, as mídias dos governos de esquerda e muçulmanos vão INCENTIVAR esta compreensão.



        O nome verdadeiro do segundo crápula antissemita é Steven Anthony Klein. Não é judeu. Com 61 anos ele viveu no Texas e em Utah. Steven Anthony Klein foi fundador, secretário e ensaísta de um grupo chamado "Courageous Christians United" (Cristãos Corajosos Unidos), ativo desde 2007, cuja retórica é atacar os muçulmanos e os mórmons (vertente do candidato republicano Mit Romey). Este Klein também fundou outro grupo, chamado "Concerned Christians for the First Amendment" Cristãos Preocupados com o Primeiro Artigo (da Constituição Americana, a liberdade de expressão, liberdade religiosa), cujo foco é anti-islâmico. O CAIR (que é a entidade de representação política dos muçulmanos americanos) já havia entrado com queixas contra dos grupos de Klein pela distribuição de folhetos contra os muçulmanos nas ruas da Califórnia. 



        Um pequeno jornal da costa oeste americana escreveu sobre Steven Anthony Klein: ele é um ex-fuzileiro naval que acredita que a Califórnia está cheia de célula muçulmanas que estão esperando a ordem para começar a matar aleatoriamente quantos americanos puderem, "eu sei disso e estou me preparando para responder aos tiros."



        Em 2004 Steven Anthony Klein criou uma empresa chamada Middle East Experts Team (Equipe de Especialistas em Oriente Médio) e, aparentemente através dela, se autoproclamou o conselheiro técnico do filme de Nakoula Basseley Nakoula, o que provavelmente é verdadeiro.



        Estamos diante de um ataque de radicais cristãos contra o islã. Mas o islã não é o judaísmo. Ontem circulou um cartum que mostrava um árabe pichando um judeu ortodoxo estereotipado cheio de sangue e demoníaco e uma criança pichando um Maomé bonitinho. O árabe gritava: "Você não sabe que isso é ofensivo?" Essa é a verdade neste caso. O judeu endemonizado fere a sensibilidade de poucos judeus, como a minha, por exemplo. A massa judaica não se importa. A massa judaica recebe este tipo de agressão há tantos séculos, não anos, mas séculos, que simplesmente não se importa. O Estado de Israel não se importa, considera liberdade de expressão.



        E não nos importamos por quê? Porque como minoria imprensada nos guetos, sujeita a todo o tipo de leis discriminatórias e sem fazer parte dos exércitos, os judeus aprenderam a se calar para tentar sobreviver. Hoje a realidade é outra, mas o "cale-se" é tão arraigado que permanece. Os judeus que gritam são taxados de idiotas.



        Qualquer livro de memórias sobre os judeus da Polônia, quando a comunidade era de 3,5 milhões, um terço da população do país traz: "... se um goy xingar você, roubar você, bater em você, não reaja... se reagir ele irá matá-lo... melhor ficar vivo para ser roubado novamente..." Isso quando éramos 1/3 do povo. Como minorias muito pequenas, nossa voz pouco importa.



        Mas os muçulmanos são maioria e uma maioria enorme. Não lhes faltam nem armas descontroladas a nem apoio de aparelhos completos de Estado com exércitos complexos, forças aéreas, marinhas, forças especiais, serviços secretos, mísseis, armas nucleares, reatores nucleares, mídia controlada, sucessões controlada e petróleo. Sendo uma maioria destas eles podem fazer o que bem entenderem e o mundo vai continuar a se curvar, com poucas alternativas. Um cartum que demoniza um "judeu genérico" é uma coisa. Um filme que mostra Maomé desnudo fazendo sexo com um monte de mulheres e outra coisa.


        O islã não está preocupado com a demonstração do caráter sanguinário de seu profeta contra os infiéis. Até aplaude isso. Mas numa teologia que não permite mostrar rostos, sequer mãos ou pés do profeta e seus seguidores originais (teologia sunita, pois na xiita mostram) as cenas de seios, coxas, peitos e sexo são um OFENSA CAPITAL, e a pena será se morte.



        O ocidente tenta cobrir e compreender estes fatos com uma mentalidade ocidental, mas o problema é árabe muçulmano. A mentalidade é outra. O sistema de referências é outro. São condições normais de temperatura e pressão alienígenas às nossas. Nos países sem liberdade de expressão a liberdade de expressão é passível de pena de morte sumária sim. E se não se pode matar quem fez, que se mande um recado.



        E aí é que precisamos entender que os ataques iniciados no dia 11, por salafistas (ideologia radical muçulmana criada na Arábia Saudita e apoiada pelo Estado) não tem a ver com o filme. O filme é um pretexto. O trailer de 14 minutos foi colocado no YouTube no dia 2 de julho. A legendagem em árabe chegou em meados de agosto e o ataque foi em 11 de setembro. Não há conexão. A Google removeu ontem o vídeo legendado em árabe.


        Neste caso a Google deveria remover a versão em inglês também, pois a morte dos diplomatas americanos está se tronando lucro para Nakoula e Anthony. Há menos de 15 horas, o vídeo tinha sido visto por pouco mais de 250.000 pessoas. Hoje, com o caso estourado, já passou de 1.330.000 views. A mensagem do filme está sendo difundida de uma forma muito maior do que poderia ter sido. Segundo o diretor o filme foi passado na íntegra apenas uma vez e havia "um punhado de pessoas no cinema." 



        Salafistas são a Irmandade Muçulmana e a Al Qaeda. Qualquer ataque terrorista tem como característica o momento político local, a oportunidade, a surpresa e a cobertura. Neste caso, a cobertura é o filme, o momento político é o do poder nas mãos dos Salafistas e um mundo árabe sendo varrido por essa agenda. A surpresa é o ataque de uma forma inteligente que não pode ser retaliado, em princípio. Não há grupo específico atacando. Há grandes grupos populares atacando embaixadas americanas, com pouca ou nenhuma reação das polícias locais. A Al Qaeda criou uma forma inteligente de marcar seu território, pois parece que ninguém está impressionado com as centenas de mortes promovidas pela Al Qaeda no Iraque ao longo de agosto e neste início de setembro. É preciso que eles matem americanos para dar o recado. Deram.



        Resta ainda um ponto. É prerrogativa dos regimes árabes e muçulmanos a produção de filmes e séries de TV ofensivas. Eles PODEM publicar Shatat, Zara Blue Eyes, Horseman Whitout a Horse, e todos os outros filmes com enredo baseado no Protocolos dos Sábios de Sião que quiserem. Podem vilanizar e demonizar os judeus à vontade. Podem exibi-los nas noites do Ramadã para incitar centenas de milhões de pessoas no ódio aos judeus, ano após ano. Eles podem fazer isso por serem amparados por seus governos, parlamentos, clérigos, milionários e população.



        Nós não podemos. Não somos amparados por nada ou por ninguém. Os judeus que se insurgem contra esse massacre promovido pela mídia islâmica são apenas judeus idiotas.




        José Roitberg - jornalista idiota




        Obs: "idiota" é um sujeito com pouca inteligência. A pouca inteligência no caso é atribuída pela massa imbecil, aos que não se comportam como ela.
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sábado, 28 de abril de 2012

Onde estão os cristãos?


 João Pereira Coutinho, escritor português

Bento 16 é um diplomata: na sua mensagem de Páscoa, o papa apelou ao fim dos confrontos na Síria. E, com cautelas mil, teve ainda uma palavra de preocupação pelos cristãos do mundo inteiro, que sofrem pela sua fé e são perseguidos pelas autoridades locais.

O papa fez bem em levantar o véu. Mas um leitor interessado nos pormenores sórdidos da vaga anti-cristã --nomes, números, crimes etc.-- deve ler a edição pascal da revista "The Spectator". Que, dessa vez, dedica uma especial atenção aos cristãos do Oriente Médio. Primeira conclusão: os cristãos da zona não estão a gostar da "primavera árabe".

Pelo contrário: para muitos deles, a primavera virou inverno e a sobrevivência deixou de ser uma certeza. Conta a "Spectator": nos inícios do século 20, os cristãos árabes representavam 20% da população total. Hoje, andam pelos 5%.

Existem casos para todos os gostos. No Iraque, por exemplo, a invasão americana de 2003 encontrou uma comunidade robusta de 1,4 milhões de cristãos. Passaram-se quase dez anos --e, em dez anos, aconteceu de tudo: a destruição de igrejas (70); a morte de fiéis (cerca de 1000); e a fuga de 800 a 900 mil do país. Hoje, dos 1,4 milhões iniciais, restarão uns 400 mil.
Na Síria, a situação não é melhor. Não apenas porque o país está envolvido numa guerra civil "de facto"; mas porque os rebeldes islamitas aproveitam o momento de luta contra o regime de Bashar al-Assad para fazerem outro tipo de limpezas religiosas. Só em Homs, 50 mil cristãos foram expulsos da cidade nos últimos dois meses de confrontos. Um número impressionante?

Nem por isso. No Egito, e só em 2010, 200 mil cristãos deixaram as suas casas em Alexandria, Luxor ou no Cairo. Esses foram os afortunados. Os menos afortunados foram mortos na passagem do ano em Alexandria (21) ou na capital (mais 27).

Claro que, perante este quadro negro, há motivos de esperança. Se os cristãos são perseguidos, massacrados ou expulsos dos países árabes, isso não significa que não encontrem abrigo na região. O leitor é capaz de adivinhar qual o pedaço do Oriente Médio onde a população cristã subiu 2.000% nas últimas seis décadas?

Se o leitor pensou na tolerante Gaza (ou na Cisjordânia), lamento desapontá-lo. Em Gaza, e desde 2007, metade da comunidade cristã também resolveu fazer as malas para não ter problemas com o Hamas. E, sobre a Cisjordânia, os 15% de cristãos estão hoje reduzidos a uns míseros 2%.

O país que tem servido de abrigo para a comunidade cristã é, acredite se quiser, Israel. Aliás, não apenas para os cristãos --mas para outras minorias perseguidas do Oriente Médio.
Eis o supremo paradoxo: Israel é um estado tão racista e intolerante que, na hora do aperto, é a escolha nº 1 das vítimas do racismo e da intolerância.

João Pereira Coutinho, escritor português, é doutor em Ciência Política. É colunista do "Correio da Manhã", o maior diário português. Reuniu seus artigos para o Brasil no livro "Avenida Paulista" (Record). Escreve às terças na "Ilustrada" e a cada duas semanas, às segundas, para a Folha.com.