sexta-feira, 30 de agosto de 2013

Carta Aberta ao Arcebispo de Canterbury

De FRAN WADDAMS 
Jerusalem Post, 13 de julho de 2013


A Autoridade Palestina recebeu bilhões de dólares em ajuda externa. Aonde, precisamente, foi parar esse dinheiro? 

O Conselho da Liderança Judaica do Reino Unido levou recentemente um grupo de líderes de várias organizações cristãs a Israel e aos territórios palestinos. Esse grupo teve a oportunidade de encontrar e fazer perguntas a funcionários do governo, cidadãos e clérigos de Israel.

Fran Waddams, dos Amigos Anglicanos de Israel, uma das organizações representadas na viagem, responde abaixo ao relato do arcebispo de Cantebury sobre a sua visita à Terra Santa, que teve lugar alguns dias depois. 


Arcebispo Justin 


Caro Arcebispo Justin,

Visitei a Terra Santa juntamente com líderes cristãos de outras organizações numa visita organizada pelo Conselho da Liderança Judaica do Reino Unido, poucos dias antes do senhor, no mês passado.  Li as suas reflexões sobre a sua visita à região perguntando-me se o senhor seria tão atento e imparcial quanto havia sido durante uma reunião que presidiu alguns anos atrás e na qual discursei. É encorajador que o senhor apoie os direitos de todos os povos da região “à paz, segurança e justiça”.

Os problemas que o senhor mencionou também foram levantados nos nossos três dias de visitas e reuniões com os israelenses, tanto judeus quanto árabes, e com os palestinos.  Algumas questões vieram à mente à medida que lia o seu artigo.

O senhor ficou chocado com o contraste entre Jerusalém e Ramallah.

Na sua próxima visita, o senhor poderia perguntar aos líderes palestinos por que existe um contraste tão grande?  A Autoridade Palestina recebeu bilhões de dólares em ajuda externa. Aonde, precisamente, foi parar esse dinheiro? Não parece ter sido investido em infraestrutura, edifícios públicos ou prestadoras de serviços públicos, nem criado empregos ou chegado às mesas dos palestinos.  Seria realmente útil para a nossa compreensão se soubéssemos as respostas para essa pergunta.

Os palestinos podem achar inconveniente e até mesmo humilhante a passagem pelos pontos de checagem do exército israelense.  

Mas os passageiros aéreos de todas as nacionalidades aceitam a indignidade das revistas de segurança rigorosas, compreendendo que existem indivíduos que explodiriam aviões de passageiros em pleno vôo se não fossem tomadas medidas para impedi-los.

A cerca de segurança e os pontos de checagem existem pela mesma razão.  Só foram instalados após dezenas de assassinatos e centenas de mutilações causadas por homens-bomba palestinos que dirigiram sem empecilhos para Israel a fim de executarem as suas missões. Diversas pessoas carregadas de explosivos foram detidas em pontos de checagem ao longo dos anos.  As Forças de Defesa de Israel interceptam semanalmente armas e explosivos e impedem a morte e a mutilação indiscriminada tanto de palestinos quanto de israelenses.  

As medidas de segurança de Israel salvam vidas.

Uma jovem palestina escreveu que “a maioria de palestinos cristãos e muçulmanos amantes da paz reconhecem (mas não publicamente) que o muro foi construído em resposta direta aos homens-bomba provenientes da comunidade palestina”.

Muito embora o Programa para a Palestina de Acompanhantes Ecumênicos (EAPPI) não queira acreditar, o fato é que o número de atentados terroristas, que alcançou proporções epidêmicas em 2003, diminuiu para quase nada.

Assim como nós, o senhor ficou alarmado pelo perigo com o qual os cidadãos de Sderot vivem diariamente. Uma coisa é ler sem emoção os poucos relatos que aparecem na mídia do Reino Unido, outra coisa bem diferente é estar no local, perguntando-se se dá para chegar ao abrigo contra bombas (em cada ponto de ônibus) durante os 15 segundos entre o Alerta Vermelho e a explosão do míssil.  Na manhã seguinte à nossa visita, terroristas lançaram mísseis em direção a Israel.

Eles erraram o alvo dessa vez.  Mas não erraram intencionalmente, e isso não impediu os pais de Sderot de tomarem decisões angustiantes sobre se tinham ou não tempo suficiente para colocar os seus filhos nos abrigos.

Depois encontramos jovens soldados israelenses, estupefatos porque cristãos britânicos queriam expressar o seu apreço pelo seu trabalho perigoso. A maioria dos cristãos que eles encontram observam o seu comportamento em busca de falhas na sua tarefa nos pontos de checagem ou na prevenção de manifestações violentas. 

Esses cristãos parecem indiferentes aos perigos que eles enfrentam ao tentarem distinguir entre palestinos pacíficos e aqueles que contrabandeiam explosivos ou armas.

Por fim tivemos o privilégio de visitar o pastor batista Naim Khoury em Belém.  Educado na crença de que as escrituras judaicas eram irrelevantes, começou a lê-las para si mesmo aos 17 anos.  Descobriu que a Bíblia inteira, não apenas o Novo Testamento, é a palavra de Deus, e por isso insiste que os palestinos cristãos tem a obrigação de amar todos os seus próximos, muçulmanos e judeus.



A Igreja Batista de Belém 

Ele também aprendeu que Deus deu ao povo judeu o direito de viver na Terra Santa.  O pastor Khoury não endossa tudo que o governo de Israel faz.  Insiste, no entanto, que o direito dos judeus de viverem sem obstáculos na terra que lhes foi prometida está claramente exposto na Bíblia.

Devido à sua coragem o pastor Khoury é evitado por seus correligionários cristãos, sua igreja teve o direito de oficiar casamentos e batismos cancelado pela Autoridade Palestina, sua igreja foi bombardeada 14 vezes e ele foi baleado uma vez.  Mesmo assim, sua congregação árabe conta com centenas de membros – a maior dos territórios.  Que ironia.

O conflito entre Israel e os palestinos é complexo.

Tem a ver com terra e tem a ver com justiça.  E a sua pergunta é excelente – o que vem a ser uma “solução justa”.  Há muitas vozes que o senhor não vai ouvir limitando-se aos canais “oficiais”.  As verdades são ditas pelas “outras vozes” por aí, mas frequentemente essas vozes têm de ser procuradas.

Vale à pena ouvi-las.

[Tradução de Yehuda Sakin]

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